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Todas as doenças oftalmológicas apresentam sintomas?

Não. Boa parte delas é silenciosa e é justamente aí onde mora o perigo. A informação é ainda mais alarmante quando comparamos com pesquisa divulgada pelo Ibope, em 2019, a qual revela que 34% dos brasileiros adultos nunca foram ao oftalmologista. Transformando em números, equivaleria a aproximadamente 50 milhões de pessoas que nunca fizeram exame de vista.

O dado chama atenção para o hábito nocivo de só procurar o médico em caso de sentir algum desconforto. No caso dos olhos, uma das manifestações dessa cultura é atribuir a alcunha de “oculista” ao oftalmologista, mas esse profissional é muito mais do que apenas aquele que cuida dos óculos – ele cuida da saúde da visão como um todo e da prevenção e tratamento de doenças oculares que não são tratáveis por meio das lentes. “Com o atraso no diagnóstico, as consequências podem ser definitivas, levando à baixa capacidade visual ou à cegueira, além da diminuição da qualidade de vida do paciente” comenta Dra. Michelle Gantois, médica oftalmologista do HOPE. As doenças oftalmológicas podem variar de acordo com a faixa etária do paciente.

No caso das crianças, estrabismo, ambliopia e erros refrativos, como miopia e astigmatismo, são as mais comuns, além de alergias e conjuntivites sazonais. A ambliopia, que é popularmente conhecida como “olho preguiçoso”, ocorre quando a visão de um dos olhos de uma criança não se desenvolve completamente. “Uma das causas mais frequentes para isso é uma diferença de grau importante entre os olhos. Como as crianças não conseguem identificar e referir isso espontaneamente para os pais, a consulta de rotina com o oftalmologista é muito importante para que o tratamento seja iniciado o quanto antes para evitar sequelas visuais”, afirma a médica oftalmologista do HOPE Ana Cláudia Ávila.

Quando o paciente chega à idade adulta, entre as patologias mais comuns, que podem ser diagnosticadas preventivamente no exame de vista básico, estão os erros refracionais, que são a miopia, a hipermetropia, o astigmatismo e a presbiopia. “As visitas ao oftalmologista precisam ser regulares. Exames   oftalmológicos básicos são capazes de detectar doenças muitas vezes silenciosas, só manifestadas em estágios mais avançados, quando as propostas de tratamento podem já não se mostrar tão eficientes”, alerta a médica oftalmologista do HOPE Michelle Gantois. Outra doença diagnosticável é a catarata. Junto aos erros refracionais, ela responde por 75% das deficiências visuais mais frequentes. O glaucoma, é o maior responsável pela cegueira irreversível no mundo, também é identificado no exame com o oftalmologista.

Em comum, elas possuem o fato de não causarem sintomas no início. Além delas, os exames de rotina também permitem diagnosticar doenças da retina, que podem ser decorrentes a várias causas, incluindo o diabetes. A retinopatia secundária ao diabetes pode se manifestar de maneira progressiva ou subitamente e é causada pela elevação do nível de glicose por um longo período, o que acaba lesionando os vasos sanguíneos da retina. Segundo a Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo, cerca de 90% dos pacientes com diabetes tipo 1 e 60% dos pacientes com tipo 2 podem desenvolver a doença ocular ao longo da vida.

O controle da diabetes e o acompanhamento médico regular ajudam no  controle da doença, que pode levar à perda total da visão. A degeneração macular relacionada à idade (DMRI), costuma atingir pessoas com mais de 60 anos. No começo, causa o aparecimento de manchas na visão e distorção das imagens. Com o tempo, vai afetando cada vez mais a visão, caso o tratamento não seja instituído precocemente. É considerada uma das principais causas de perda de visão entre as pessoas da terceira idade. O tratamento precoce aliado aos hábitos de vida saudáveis, como dieta balanceada e não fumar, costumam ser efetivos em evitar a perda progressiva da visão da maioria desses pacientes.

O conjunto de doenças diagnosticáveis em exames oftalmológicos de rotina é extenso. De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 80% das problemáticas que causam as deficiências visuais podem ser evitáveis por meio da prevenção ou mesmo curáveis. O número só reforça a importância das consultas oftalmológicas anuais.

* Matéria publicada na Revista Ponto de Vista do HOPE, ed.04

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