O uso de celular em excesso causa miopia?
A utilização de celulares e outras telas de aparelhos eletrônicos em excesso, assim como as atividades para perto sem descanso, podem causar vários problemas relacionados à visão como cefaleia, visão dupla, embaçamento visual, ressecamento dos olhos e até desvio ocular (o famoso estrabismo). A miopia também é um deles, mesmo demorando mais tempo para aparecer. A imagem para ser nítida é formada na retina, mas na miopia isso acontece de outra forma. Neste caso, a figura é formada antes de chegar à retina, causando embaçamento visual. Isso pode ocorrer por um aumento no comprimento do olho ou por outras alterações em estruturas oculares que muitas vezes estão relacionadas a fatores genéticos. O uso de celular em excesso causa miopia? Esse grau de miopia prejudica a visão de longe e precisa ser corrigido por lentes de óculos ou de contato para auxiliar na nitidez da imagem projetada. Por mais que pareça algo comum, o aumento de casos de miopia preocupa especialistas que tratam da alteração refracional como uma epidemia. A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que, em 2020, a miopia estará presente em 35% da população mundial. O levantamento ainda indica que, em 2050, o percentual deve chegar a 52%. De acordo com a médica oftalmologista do HOPE, Noelle Carreiro, é preciso tomar alguns cuidados para diminuir esses índices. “Deve-se limitar o tempo de atividades visuais diárias para perto, incluindo o uso de eletrônicos, além de estimular atividades ao ar livre. Acredita-se que, como os olhos fazem um movimento de convergência, ou seja, para dentro, quando olhamos para algo de perto, haja um esforço para levar essa imagem para a retina, aumentando o globo ocular e, consequentemente, causando a miopia”. Ela explica que as atividades ao ar livre são fundamentais porque a luz do sol estimula a produção do hormônio dopamina, que inibe o crescimento ocular, recomendando pelo me- nos duas horas de atividades externas. “A orientação é restringir o tempo de uso das telas. A cada duas horas de exposição, fechar os olhos para descansar por dois minutos. Outra dica é praticar atividades diárias ao ar livre”, sugere.
Cuidado redobrado com as crianças
É comum ver os pequenos com celulares e tablets, ou até mesmo vidrados em algum desenho na televisão. Mas, é preciso ficar atento, segundo a médica oftalmologista pediátrica do HOPE Eveline Barros. Ela afirma que para eles os danos podem ser ainda piores e mais agressivos, pois os problemas vão além da visão e podem se agravar com o tempo. “Os prejuízos podem ser imediatos, principalmente os relacionados ao rendimento escolar já que a miopia torna difícil enxergar de longe e, a longo prazo, preocupa a evolução da doença. Quanto mais precoce a criança inicia o quadro, maior a possibilidade dela se tornar um adulto com um alto grau, pois essa mio- pia relacionada ao uso excessivo da visão de perto pelas crianças e adolescentes é, na maioria dos casos, progressiva, ou seja, vai aumentando com a idade. Isso é importante pois os adultos altos míopes têm maiores tendências a alterações retinianas, como descolamento de retina” alerta.
Para evitar essa alteração refracional precoce, as recomendações são as mesmas, mas com restrições ainda mais rígidas. “Crianças abaixo de dois anos não devem ser introduzidas ao uso de telas, como tablets e smartphones. Isto é contraindicado por uma série de fatores, não só visuais, mas principalmente psicomotores, pois é uma faixa etária importantíssima no desenvolvimento infantil. Após essa idade, pode-se introduzir, não deixando passar mais de uma hora por dia. Em crianças maiores, observar o limite de duas horas diárias” indica Dra. Eveline Barros. A oftalmologista afirma que seguir essas orientações é essencial na prevenção e redução de novos casos. “Hoje é provado cientificamente que esses hábitos têm levado há uma epidemia de miopia mundial. Esse problema se refletirá futuramente, pois na idade adulta, a miopia leva a vários quadros degenerativos oculares. Portanto, precisamos agir na prevenção, não só restringindo o uso exagerado dos eletrônico, mas levando e incentivando nossas crianças a realizar atividades ao ar livre” conclui.
*Matéria publicada na Revista Ponto de Vista do HOPE, ed.04.