Lugar de criança também é no oftalmologista
Olhar inquieto, vermelhidão, necessidade extrema de se aproximar de livros, lousas e televisores, desinteresse. Muitos são os indícios de que algo não está bem com a visão de uma criança. De acordo com estimativas levantadas em 2017 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), 1,4 milhões de meninos e meninas sofre com algum tipo de problema na visão. Diante desse quadro, é mais que necessário lembrar o quão importante é levar os pequenos ao oftalmologista desde os primeiros momentos de vida.
Os cuidados com a visão da criança devem começar já no nascimento, quando é feito o Teste do Olhinho. “Com esse exame identificamos o reflexo vermelho que surge quando incidimos um feixe de luz na retina. A presença dessa característica indica que não há obstáculo à entrada de luz no olho”, explica a oftalmologista Juliana Malta, uma das profissionais do HOPE especializadas no atendimento infantil. Segundo a médica, algumas doenças, como a perda de transparência da córnea, cataratas congênitas, opacidades no vítreo e problemas na retina, modificam esse reflexo e podem ser detectadas precocemente.
Após o teste do olhinho, a Sociedade Brasileira de Oftalmopediatria recomenda que exames oftalmológicos sejam realizados de seis em seis meses até o segundo ano de vida. Após essafase, o acompanhamento passa a ser anual. “É importante lembrar que essa rotina é adaptada a cada criança, levando em consideração cada necessidade específica, além do histórico pessoal e familiar. Crianças que foram prematuras ou têm histórico familiar de catarata congênita, glaucoma congênito ou retinoblastoma devem ser acompanhadas bem de perto”, lembra a médica oftalmologista Juliana Malta.
Nessa época, a visão da criança está em pleno desenvolvimento e demora para alcançar o nível da visão do adulto. “Trata-se de uma fase de intenso desenvolvimento e durante esse processo podem surgir alguns problemas que podem atrapalhar e impedir que a criança atinja todo o seu potencial”, acrescenta a médica Juliana Malta. A queixa pode acabar chegando tarde demais, uma vez que muitas vezes os pequenos não conseguem verbalizar ou até mesmo perceber que tem algo fora do padrão. “Apenas fazendo exames e testes que conseguimos detectar possíveis distúrbios”, completa a oftalmologista.
Monitoramento constante
Com o acompanhamento continuo é possível detectar as doenças oculares mais frequentes na infância como astigmatismo, miopia, hipermetropia, estrabismos, ambliopia (olho preguiçoso), conjuntivites e lacrimejamentos.
“Atualmente, o uso de eletrônicos, como celulares e tablets, tem se tornado constante pelas crianças o que tem favorecido um aumento de casos de miopia”, conta Larissa Ventura, oftalmologista também especializada nos cuidados com a visão infantil no HOPE. Por esse motivo que, segundo a médica, o uso desses dispositivos pelos pequenos deve ser limitado a uma hora diária. Outra orientação importante é estimular às atividades ao ar livre, para que a visão à distância consiga ser desenvolvida, bem como a adaptação aos diferentes tipos de luz.

