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Glaucoma sempre causa dor nos olhos?

A dor é um sintoma subjetivo, que pode servir de alarme para diferentes doenças que acometem o globo ocular. No glaucoma, as pressões raramente chegam a níveis elevados, a ponto de causarem dor, e por isso é uma doença que demanda maior atenção, pois na maioria das vezes é assintomática. No caso de dor nos olhos, o paciente sempre deve procurar o seu oftalmologista para descartar alguns fato- res como aumento da pressão ocular, lesões na córnea, olho seco e uveítes. O glaucoma é considerado a principal causa de cegueira irreversível no Brasil e no mundo e acomete cerca de 80 milhões de pessoas no ano de 2020, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS).

“É uma doença neurodegenerativa que na maioria dos casos evolui de forma crônica e está associada ao aumento da pressão intraocular que acelera a morte das células responsáveis por transformar luz em imagem”, explica o médico oftalmologista do HOPE Michel Bittencourt. Por outro lado, existem diferentes tipos de glaucoma, inclusive, sem aumento da pressão intraocular.

Segundo Dr. Michel Bittencourt, de maneira geral, a doença não causa sintomas nas fases iniciais. “Defeitos no campo visual podem ocorrer apenas nas fases mais tardias, o que muitas vezes contribui para que o glaucoma seja diagnosticado em estágios mais severos quando o paciente não faz um acompanha- mento oftalmológico regular”, atenta. Qualquer pessoa pode desenvolver glaucoma, porém, alguns fatores podem tornar o paciente mais propenso à doença. “História familiar positiva, idade acima dos 50 anos, descendência africana ou asiática, uso prolongado de corticoide principalmente pela via tópica, espessura corneana central reduzida e trauma ocular conferem maior risco para o desenvolvimento de glaucoma”, explica o médico oftalmologista do HOPE Kaio Soares.

Existem diferentes subtipos de glaucoma, por isso, causas e tratamentos devem ser individualizados. O glaucoma primário de ângulo aberto é o tipo mais comum, ocorrendo em cerca de 80% dos casos. Os estágios inicial e moderado são tratados com laser ou colírios. Em alguns casos, pode ser feito o implante de iStent, cirurgia minimamente invasiva disponível aqui no HOPE. Nos estágios mais avançados, a cirurgia pode ser a melhor opção.

Já o glaucoma de ângulo fechado, é menos comum, mas possui uma maior incidência de perda de visão. Esse subtipo é decorrente de alterações anatômicas do olho, que podem ser revertidas com laser ou cirurgia, quando diagnosticadas precocemente. Trauma ocular, diabetes, catarata e descendência asiática são fatores de risco para esse subtipo. “Por fim, o glaucoma congênito, forma mais rara da doença, afeta 1 em cada 10 mil recém-nascidos. Resulta de uma má formação do sistema de drenagem do olho, que ocorre ainda no desenvolvimento intrauterino”, explica o Dr. Kaio Soares.

Quando não tratada adequadamente, a pressão intraocular pode subir a níveis mais elevados, causando dor nos olhos, cefaleia, hiperemia ocular, piora da acuidade visual, náusea e vômito. A tonometria é o exame que avalia a pressão intraocular e deve ser realizado na consulta de rotina. Pressões abaixo de 21 mmhg são consideradas normais, mas o diagnóstico de glaucoma pode necessitar de uma série de exames, como paquimetria, retinografia, gonioscopia, campo visual, OCT de papila, entre outros, dependendo da avaliação médica. Cada um destes exames conferem uma informação que pode ser útil no acompanhamento e indicação da melhor terapêutica. Porém, “A pressão intraocular é o único fator de risco modificável e a sua redução pode ser feita através de colírio, laser ou cirurgias. Cabe ao médico identificar o subtipo e estágio do glaucoma, e assim planejar a melhor terapêutica para o caso”, explica o médico oftalmologista Kaio Soares.

“Cabe ao médico identificar o subtipo e estágio do glaucoma, e assim planejar a melhor terapêutica para o caso”, explica o Dr. Kaio Soares.

Dr. Michel Bittencourt reforça que o diagnóstico e o tratamento precoce são as melhores estratégias no combate a essa doença. “Com acompanhamento e terapêutica adequada, o paciente pode nunca vir a apresentar sinto- mas”, diz o médico. A recomendação dos especialistas é que a ida ao oftalmologista seja feita uma vez por ano.

*Matéria publicada na Revista Ponto de Vista do HOPE, ed.04.

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