Óculos devem ser trocados todo ano?
Não necessariamente. As lentes dos óculos não possuem prazo de validade. Caso o usuário as conserve bem, evitando arranhões e cuidando da higienização das peças, elas podem durar por muitos anos. “O que costuma mudar é o grau do paciente. Por isso, orientamos que as pessoas façam ao menos uma consulta oftalmológica durante o ano, na qual verificamos se as lentes utilizadas ainda estão de acordo com o grau do paciente ou se precisam ser trocadas”, orienta a médica oftalmologista do HOPE, Dra. Aline Barros. “Se o grau estiver mantido e as lentes estiverem em bom estado, o paciente pode manter suas lentes sem problema”, ressalta.
Também é comum encontrar pessoas que passam muito tempo com os mesmos óculos, buscando ajuda médica apenas quando a situação já está insuportável. “Todas as vezes que usamos óculos inadequados, com grau mais fraco ou mais forte que o necessário, estamos prejudicando a nossa visão”, explica Dra. Aline Barros. “Isso pode provocar embaçamento e cansaço visual, que podem surgir como um borramento na visão após algum tempo de leitura, por exemplo, e até dores de cabeça.
Na consulta anual, o médico, em conjunto com a sua equipe, avalia ainda o estado de saúde ocular do paciente, atentando para dificuldades particulares, como sensibilidade à claridade ou dificuldade para enxergar em ambientes escuros. “Além do teste de refração, determinante na definição do grau das lentes, outros exames importantes são realizados. Alguns podem detectar possíveis doenças silenciosas, como catarata e glaucoma, além de alterações na retina”, destaca Dra. Aline Barros
Consultas regulares auxiliam na prevenção de doenças
Mais importante do que querer trocar óculos todo ano é manter consultas regulares com o oftalmologista, uma vez por ano ou a cada seis meses, em casos selecionados. Essa prática auxilia no diagnóstico precoce de diversas doenças e, consequentemente, otimiza o tratamento.
Quando se fala em globo ocular, um dos principais componentes é a retina, responsável pela captação da luz que entra pelos nossos olhos e por traduzir essa luz em forma de imagens para o nosso cérebro. Por ser tão importante, a retina deve ser avaliada periodicamente. “Muitas condições de retina, comuns em algumas faixas etárias, podem não apresentar sintomas nas suas fases iniciais e o diagnóstico precoce é importante para iniciar o tratamento específico e evitar sequelas oculares”, esclarece a médica oftalmologista do HOPE e especialista em retina Cristiana Agra.
O cuidado com os olhos deve ser iniciado logo nos primeiros dias de vida. Um exame bem famoso é o teste do olhinho, feito em bebês recém-nascidos, idealmente nos primeiros dias de vida. É considerado simples e rápido, mas pode detectar precocemente câncer na retina e catarata congênita, entre outros problemas.
Os riscos mudam conforme a idade, mas o cuidado precisa ser constante, principalmente porque precisamos levar em conta também o histórico familiar de cada um. “Crianças e jovens podem ser portadores degenerações genéticas na retina de herança familiar que podem ainda não apresentar sintomas nas fases iniciais”, orienta Dra. Cristiana Agra. “A partir dos 50 anos, é muito prevalente uma condição denominada Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI), que apresenta duas formas e diferentes estágios de progressão que, quando não tratados adequadamente, podem levar à baixa visual permanente.”
Portadores de doenças crônicas devem ter cuidado redobrado. “Diabetes e hipertensão, por exemplo, são doenças crônicas que comprometem os vasos sanguíneos. E, como sabemos, o olho é um órgão extremamente vascularizado”, diz Dra. Cristiana Agra. “Com frequência, esse tipo de paciente é acometido por degeneração progressiva da microvasculatura da retina. Como consequência, o tecido vai sofrer com sangramentos e falta de oxigenação, o que leva a uma perda progressiva da visão”.
Além da regularidade das consultas oftalmológicas, outras atitudes podem ser colocadas em prática para contribuir com a saúde dos olhos. “Alimentação balanceada, prática de exercícios físicos, não fumar e reduzir o consumo de álcool são essenciais”, orienta Dra. Cristiana Agra. Também é importante se lembrar de utilizar a proteção ocular adequada à exposição de radiação ultravioleta, algo que ajuda a prevenir o aparecimento de catarata e DMRI.
* Matéria publicada na Revista Ponto de Vista do HOPE, ed.04

